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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Cracolândia do Brooklin

Assisti há pouco a reportagem do jornal da Globo sobre a cracolândia do Brooklin, como se fosse a única em SP. Além de outras em São Paulo, são várias cracolândias pelo Brasil, infelizmente este é um problema que vem crescendo de forma assustadora. Uma espécie de câncer social.
E o quê fazem as autoridades? Lavam as mãos e mandam a polícia em cima, descer o cacete nos nóia. Coitados... Da pra ver a cara deles nas reportagens da TV, uns pobres coitados, esquecidos e abandonados pela sociedade. Apavorados e assustados pelo efeito da droga. Quais as desculpas para o abandono? Preconceito e um puritanismo jurássico cuidam de apresentá-las.
Aproveitando o tabu social que existe com relação ao consumo de drogas, tabu este criado pelo próprio sistema, a sociedade fecha os olhos para o problema. A saída mais fácil parece a repressão, só que a que segundo dados científicos, retirados de importantes pesquisas, mostram que a repressão é ineficaz no enfrentamento do problema. Crece mais a cada ano o número de usuários, o volume de droga apreendida, os problemas sociais gerados pelo tráfico e a corrupção dele derivada. Por causa de substância entorpecente morrem pessoas, nos confrontos entre policiais e traficantes. São vidas humanas que se vão e o problema parece cada vez maior.
O puritanismo norte americano começou esta cruzada contra as drogas, nos anos 60, já nos anos 70 o consumo destas substâncias virou tabú, porém desde então cresce constantemente. O que aconteceu? Aumentaram as plantações, cresceu o número de viciados, a droga valorizou-se, a população carcerária inchou, aliás tanto que até parece uma bolha prestes a explodir.
Só não vê quem não quer! É o uísque do All Capone...
As campanhas contra o tabaco tem mostrado resultados satisfatórios, e a produção e consumo de cigarros além de legal é taxada de impostos. Estes impostos acabam revertidos no tratamento dos males causados pelo hábito de fumar. As fábricas de cigarros já pagaram indenizações, algumas milionárias, a pessoas comprovadamente vítimas de seus produtos. A indústria farmacêutica ídem, vende substâncias mais viciantes e/ou tavez até mais perigosas do que drogas como a maconha, o haxixie ou até mesmo o ópio. Porém diferentemente das drogas ilícitas, os medicamentos são ministrados sob controle médico, em doses seguras. Se alguém for vítima de remédio adulterado sabe onde reclamar. Pergunto quem vai indenizar uma pessoa que fique doente por uso de drogas ilegais? Ou os que morrem de overdose, de quem é a responsabilidade? O consumo de bebidas alcólicas também começa a se moderar, sem proibição, hoje já não se pode mais dirigir e beber, há 30 anos podia. As campanhas anti-fumo reduzem o número de fumantes, enquanto isso as campanhas anti-drogas, até agora apresentadas, parecem ineficazes. A raiz do problema parece estar na ilegalidade, no preconceito, que transformam o tema num tabú, em caso de polícia. Ninguém quer segurar essa pemba e dá-lhe passar pra diante...
Enquanto isso a corrupção vai sendo alimentada pelo mecanismo viciado, que através do mecanismo vicioso, tenta sem sucesso, reprimir o vício.
A saída parece complicada mas realmente não é. Precisariamos só de boa vontade política, discutir, sem prconceitos, leis mais brandas para o consumo e porte de pequenas quantidades de droga. Leis que obriguem o estado a encaminhar o dependente químico para tratamento, ao invés de lhe aplica as duras penas da lei.
Acabar com o traficante é fácil, mas quem fizer isso vai precisar de muita coragem pra enfrentar os consevadores e os puritanos. Digo isso pois a única solução parece ser tornar a droga legal, fiscalizar sua produção e promover sua taxação, com altos impostos, que seriam revertidos no tratamento de viciados, e em campanhas de concientização sobre os riscos que o abuso de drogas pode trazer. Teremos mais sucesso no combate as drogas agindo assim, usando de inteligência e não de força bruta. O resultado, certamente, seria a queda do consumo, como acontece com os cigarros, e como acontece, mesmo que ainda meio timidamente, na Califórnia e na Holanda. Com uma política da descriminalização das drogas, também seria beneficiado o sistema judiciário, que teria mais tempo e ganharia mais agilidade para dedicar-se a condenar bandidos, indenizar vítimas, e fiscalizar o governo. Atualmente, pela lei, o judiciário tem como obrigação julgar estas vítimas do abuso de drogas, pessoas que deveriam estar sendo atendidas em hospitais e postos de saúde, não em delegacias e quartéis. Com a expansão da conciência social, a sociedade deve acabar assumindo esta responsabilidade, as cracolândias vão acabar num futuro próximo, tenho certeza disso, basta um olhar amigo para o problema.
A solução logo aparece, podia começar hoje mesmo, lá no Brooklin, em SP. Porque a prefeitura não tenta colocar lá um posto de saúde avançado, de campanha, pra atender aqueles mendigos viciados? Um psicólogo poderia indicar até mesmo uma internação para os casos mais graves. Aquele viciado de cadeira de rodas deu até dó, sem as pernas e magrinho que parecia até natural de Biafra. Não sou demagogo e não tenho nenhuma pretensão política, claro que eu também não traria o biafrinha cadeirante pra morar na minha casa, mas ao menos fiquei sensibilizado, e estou aqui, fazendo minha parte, dando uma idéia de como as coisas são e de como poderiam ser.
A questão das drogas é de saúde, o tratamento dos que delas abusam é questão de justiça social, já a solução do problema é de utilidade pública.

4 comentários:

Anônimo disse...

Cracolândia? em sampa é esquina sim outra também. : (

Anônimo disse...

Relaxa e goza, deixa os viciados com a polícia. droga é caso de polícia e não de saúde pública, é lei meu amigo.

Anônimo disse...

Concordo, esse gente precisa de acompanhamento médico e principalmente psicológico. A repressão e prisão só vai fomentar o crime, além de não ser nada eficiente na recuperação dos dependentes. Seu atigo está muito bem escrito, bem pensado, se mais pessoas pensassem assim poderiamos resgatar muita gente desta porcaria.

Anônimo disse...

Não concordo, é uma releitura reacionária de um problema bem mais complexo. Enquanto este discurso moralista continuar será difícil a discussão de uma nova política anti-drogas, já que a repressão mostra-se ineficiente. Concordo que saúde e drogas são caminhos incongruentes, é preciso um novo modelo educacional para alertar aos jovens sobre seus riscos. O problema é que a curiosidade e a ilegalidade acabam estimulando o jovem a experimentar destas substâncias. A sociedade precisa rever conceitos!